Voluntariado e Direitos Humanos
Tornou-se pequeno o Auditório da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Portalegre para receber os mais de 150 participantes na sessão organizada pela Cáritas Diocesana de Portalegre – Castelo Branco para assinalar o “Dia Internacional do Voluntariado”.
Constituído por cinco painéis: «À conversa sobre experiências de Voluntariado Internacional»; «Voluntariado Jovem no Concelho de Portalegre»; Tertúlia – Debate «As veias abertas dos Direitos Humanos»; «Humanitude – uma ferramenta profissional na relação de ajuda»; Apresentação e discussão do filme de Ana Luísa Oliveira «2 metros quadrados», Anabela Afonso, Coordenadora do Departamento de Ação Social da Cáritas Diocesana e Animadora do Banco Local de Voluntariado de Portalegre que organizou o evento, coordenou a sessão e agradeceu a participação das pessoas e entidades que colaboraram nesta iniciativa da Cáritas.
{phocagallery view=category|categoryid=17|limitstart=0|limitcount=0}
Joana Rodrigues e Lília Mendes, voluntárias da Associação “Leigos para o Desenvolvimento”, relataram, na primeira pessoa, a experiência, enriquecedora, de voluntariado que realizaram em Angola e S. Tomé e Príncipe e apresentaram a actividade desenvolvida pela Associação no concerne à ação desenvolvida, à formação dos voluntários e à intermediação e avaliação das missões.
Ana Cila, professora da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Portalegre, testemunhou o trabalho voluntário que tem vindo a desenvolver nos campos de refugiados na Grécia, que a levou a criar recentemente o Projeto “MyFriend – Apoio no acesso à educação de refugiados na Grécia”.
Rodrigo Pimentel e Jaime Ortega, dois alunos voluntários do Colégio de Fomento Tabladilla de Sevilha relataram a experiência de voluntariado que realizaram nos últimos dois anos, organizado pela Cáritas Diocesana de Portalegre – Castelo Branco. Referiram a importância do voluntariado juvenil e do voluntariado em meio académico, como forma de estruturação da personalidade a partir de valores evangélicos e de solidariedade humana. Incentivaram o grupo numeroso de jovens estudantes presentes na sala, provenientes das Escolas Superiores de Saúde e de Educação do IPPortalegre e da Escola de Hotelaria e Turismo de Portalegre.
Amélia Martins do Instituto Gineste-Marescotti de Portugal, apresentou a metodologia de cuidados pessoais que profissionaliza a relação de ajuda – HUMANITUDE . Apresentou-a como um desafio que fez despertar valores e atitudes intrínsecas que, aliadas a técnicas específicas, facilitam e valorizam o dia-a-dia de quem cuida e de quem é cuidado, e assenta em quatro pilares: Palavra; Olhar; Toque; Verticalidade.
Estes painéis foram moderados por Gaspar Garção, licenciado em jornalismo pela ESECS de Portalegre e colaborador de muitas iniciativas da Cáritas Diocesana. Gaspar Garção, para além da moderação, introduziu os temas e incentivou à participação no debate que se tornou muito ativo, com muitas questões, pedidos de esclarecimentos e emissão de opiniões sobre os temas apresentados.
Considerando que no próximo dia 10 de Dezembro se celebra “O Dia Internacional dos Direitos Humanos”, e que os alunos do primeiro ano de Serviço Social da ESECS o estão a comemorar desde o dia 5 de Dezembro, com diversas actividades que incluem a abertura da CASA DOS DIREITOS HUMANOS – Centro Social Temporário, a Cáritas Diocesana, ouvindo a ESECS, decidiu incluir nesta sessão de sinalização do “Dia Internacional do Voluntariado”, um painel alusivo aquela celebração, moderado pelo Professor Eduardo Marques da ESECS.
Paulo Moura, escritor e repórter freelance português, licenciado em História e Jornalismo, relatou alguns episódios violadores dos direitos humanos que ele próprio vivenciou nos diversos teatros de guerra onde esteve a fazer cobertura jornalística.
Daniel Horta Nova, jornalista e empresário, perdeu tudo o que possuía traído pelo ex-sócio, tornou-se sem-abrigo. Relatou a sua história e a sua luta. Viveu na rua durante quatro anos e tornou-se porta voz dos sem-abrigo. Continua a luta pela defesa da dignidade dos sem-abrigo, enquanto seres humanos, aos quais a sociedade e o sistema social vigente, mantêm na pobreza, na indignidade e na margem da sociedade, quando muitos deles já se automarginalizaram, sem forças para lutar e sem futuro. Denunciou as Instituições que de uma forma paternalista, dão por esmola aquilo que é devido por justiça, mantendo o pobre dependente de quem o ajuda. Para complementar o seu testemunho, procedeu-se ao visionamento do filme realizado por Ana Luísa Oliveira “2 metros quadrados” protagonizado pelo Daniel, que relata a vida e a luta pela sobrevivência dos sem-abrigo na cidade do Porto.
Joana Lourenço, aluna do primeiro ano do curso de serviço social apresentou o trabalho que está a realizar de validação da escala de Direitos Humanos e Serviço Social, que pretende implementar através da Rede Social de Portalegre. Joana Lourenço baseia o seu trabalho com base no estudo de Jane McPherson, professora assistente na School of Social Work da Universidade da Geórgia – Estados Unidos da América, cujo trabalho está focalizado na intercessão do Trabalho Social e Direitos Humanos.
À saída foi visível no rosto dos participantes a satisfação por terem participado de forma entusiástica e de coração cheio num debata de ideias em torno do voluntariado e da sua prática, baseado nos testemunhos de quem dá a sua vida, o seu tempo e o seu saber na dignificação daqueles que não têm voz.