UMA IMAGEM QUE PEREGRINA AO ENCONTRO DAS PESSOAS, FAMÍLIAS E COMUNIDADES
{phocagallery view=category|categoryid=1|imageid=92}A nossa Diocese de Portalegre-Castelo Branco recebe, neste mês de outubro, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Sei que não é muito agradável para qualquer mãe (e irmãos) que seus filhos estejam ausentes nos momentos fortes da vida pessoal e familiar. Os pais sabem que é preciso celebrar estas e outras festas da vida para unir e ajudar a família a fazer da vida uma verdadeira festa, antecipação da FESTA eterna!
A minha ausência em Roma no Sínodo dos Bispos sobre a Família, não me permite a presença física. No entanto, agradecido e unido a todo o Presbitério diocesano, vivo na esperança de que a imagem da Senhora de Fátima ajudará a abrir o coração de todos os diocesanos para que recebam a Mãe de Deus e nossa Mãe no melhor cantinho do seu coração, pessoal e familiar. E, aí, Lhe prestem todas as atenções, com oração e ternura, com o encanto de filhos agradecidos e a decisão de trilhar o caminho que leva a Cristo. Que todos A recebam com tanto amor e ternura como quando Cristo, confiando plenamente em nós, no-l’A entregou com enorme delicadeza e carinho: “Filho, eis aí a tua Mãe”.
A visita da imagem peregrina será, também, momento oportuno para que toda a Diocese intensifique a oração, reze e acompanhe os trabalhos do Sínodo a decorrer em Roma, tendo presente a família, todas as famílias da nossa Diocese, sobretudo aquelas que, por causa da ausência de Deus na vida pessoal e familiar, sofrem a solidão e a instabilidade. Todas as famílias feridas pelas guerras, os exílios, a fome, a exclusão, as doenças, a separação, o divórcio, os maus tratos, o desemprego, a insegurança, a falta de habitação e de acesso à cultura e à saúde…
Neste olhar suplicante, não esqueçamos os avós que sofrem, silenciosa mas amargamente, a dor própria e a dos seus, a falência do casamento de seus filhos e netos e veem, por vezes, as crianças a serem abandonadas ou a serem objeto de disputa sem qualquer atenção à sua dor e tristeza. O Instrumento de Trabalho do Sínodo dos Bispos sublinha que a experiência do fracasso matrimonial é sempre uma derrota, não escolhida em plena liberdade, mas aceite com muito sofrimento. Uma situação dolorosa que não temos o direito de julgar, condenar ou apontar. Jesus, ao anunciar as exigências do Reino, olhou sempre com amor e ternura para todos. Acompanhou-os com solicitude de Bom Pastor, mas sem nunca prometer ou sequer insinuar o que não podia dar. Nunca fugiu à verdade das coisas e das situações, pois só a verdade transforma e eleva. O Papa Francisco, perante a diversidade de situações e sofrimento, aconselha-nos a ter “uma atitude sábia e diferenciada. Por vezes permanecendo ao lado e escutar em silêncio; outras vezes ir à frente indicar o caminho por onde prosseguir, outras vezes pôr-se atrás para apoiar e encorajar”, com respeito e humildade.
Sirvamos e rezemos por estas famílias e pessoas feridas e sofredoras. Peçamos pelos jovens para que se envolvam verdadeiramente numa séria preparação para o seu matrimónio. Demos graças ao Senhor pela generosa fidelidade com que tantas e tantas outras respondem, com alegria e fé, à sua vocação e missão, mesmo no meio das dificuldades e vergastadas da vida. Estas entenderam que “a fé faz descobrir a vocação ao amor e assegura que este amor é fiável, que vale apena entregar-se a ele, porque o seu fundamento se encontra na fidelidade a Deus, que é mais forte do que toda a nossa fragilidade”(LF 53).
Que Nossa Senhora de Fátima nos toque o coração, nos dê a graça da conversão constante e nos ajude a entender cada vez mais “a beleza, a função e a dignidade da família” e a termos uma pastoral familiar mais ousada e inovadora “que evidencie sempre o valor do encontro pessoal com Cristo, permita realçar a centralidade do casal e da família no projeto de Deus e leve a reconhecer como Deus entra no concreto da vida familiar, tornando-a mais bela e vital” (IL).
Antonino Dias, Bispo Diocesano