Conclusões do Conselho Geral da Cáritas Portuguesa
Conclusões do Conselho Geral da Cáritas Portuguesa
– Em Fátima, na Casa N. S. do Carmo, de quatro a seis de Dezembro de 2009, os representantes de dezoito Cáritas diocesanas estiveram reunidos em Conselho Geral presidido pelo Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo, este encontro teve como convidados o Serviço da Pastoral Penitenciária, Pe. João Gonçalves; Comissão Nacional Justiça e Paz, Maria Eduarda Ribeiro; e a Cáritas Espanhola, Pe. Vicente Altaba. – Com um programa extenso, os participantes aprofundaram o papel que a Cáritas Portuguesa e as Cáritas Diocesanas deverão desenvolver em caminho profético no intuito de eliminar a crise que assola Portugal e o mundo. Só com horizontes largos e rasgos messiânicos, estas entidades eclesiais saberão responder ao crescimento do desemprego e às novas formas de pobreza que tocam em todas as paróquias portuguesas.
Potenciar a dimensão caritativa e social da vida cristã – Em conferência subordinada ao tema «A missão do sacerdote na construção de comunidades solidárias», o delegado episcopal da Caritas espanhola, Pe. Vicente Altaba, afirmou que o melhor serviço da Cáritas Diocesana é promover e acompanhar as Caritas paroquiais. Estas conhecem a realidade local e são luz activa da Doutrina Social da Igreja. Apesar do percurso não ser fácil, estes agentes sócio-caritativos não devem desistir, mas empenhar-se cada vez mais no serviço da caridade. – Ao padre compete sensibilizar a comunidade sobre a dimensão caritativa e social da vida cristã, porque o exercício da caridade é tarefa de toda a comunidade. Ainda neste domínio, pediu para que se potencie a coordenação pastoral, inserindo o serviço da caridade na pastoral de conjunto e promovendo o trabalho em rede porque «a rotina mata». – Consciente que a Doutrina Social da Igreja é fulcral na formação dos futuros presbíteros, o Delegado da Cáritas espanhola lamentou as «deficiências» estruturais neste percurso de preparação para o ministério. Perante esta realidade e com lacunas nesta área, torna-se mais difícil o exercício do ministério da caridade. Para além dos serviços litúrgicos e catequéticos, a tarefa do padre é fazer com que na comunidade cristã se viva o serviço aos pobres. É urgente lutar contra o perigo da insensibilidade de alguns padres para o domínio social.
Perante o actual cenário o Conselho Geral conclui e propõe: 1 – Com a falta de emprego e o número crescente de desempregados, a coesão familiar está em risco. Às Cáritas diocesanas e aos grupos paroquiais de acção social compete uma atenta vigilância e permanente ajuda à luz da Doutrina Social da Igreja. Nos dados comparativos com Abril 2009, nota-se um aumento substancial (mais de 25%) de novos casos que contactaram com os serviços das Cáritas.
2 – Se não damos voz às pessoas, contribuímos para o agravamento dos dramas que as afectam. A falência de várias pequenas e médias empresas, algumas mesmo de dimensão familiar, estão a gerar graves carências aos empresários/as e respectivas famílias. Para além de não terem o direito ao subsídio de desemprego, alguns estão a ser alvo de penhoras por dívidas às Finanças e à Segurança Social. 3 – A sociedade actual trouxe novos problemas à célula familiar. Para além da falta de recursos financeiros, o apoio na área psicológica e espiritual é premente. Pediu-se uma atenção redobrada aos novos casos de pobreza. O pobre não deve ser objecto, mas sujeito a acompanhar no seu desenvolvimento integral. É urgente rasgar caminhos e não pactuar com acções de anestesia geral.
4 – Chamar a atenção para o risco da má gestão dos recursos financeiros disponíveis é uma função dos agentes sóciocaritativos. Devido à débil consciência pessoal e colectiva, as Cáritas deviam implementar cursos de educação para a poupança e alertar para os perigos que as famílias correm.
5 – O apoio das Cáritas não poderá resumir-se ao cabaz dos alimentos. A solidariedade com os pobres implica proximidade, mas também um horizonte mais vasto e novos dinamismos. È impensável deixar as pessoas sem resposta.
6 – Urge reformular os currículos – tanto nos Seminários como na Universidade – para que a acção sóciocaritativa tenha um lugar de maior preponderância. Só com mais profunda e larga formação, os padres estarão munidos de estrutura mental para enfrentar os enormes desafios da acção social da Igreja.
7 – Como o voluntariado no meio prisional não se cinge apenas aos reclusos, a Cáritas Portuguesa e a Pastoral Penitenciária estabeleceram uma parceria ao nível do voluntariado nas prisões. A Cáritas assumiu ser entidade creditadora na área do voluntariado.
8 – Quanto às linhas estratégicas da Cáritas em Portugal para o triénio de 2010-2012, o Conselho realça os seguintes pontos: “animação local e pastoral; voluntariado; formação; sustentabilidade organizativa e financeira da Instituição; e reforço da cooperação internacional”. A consciência permanente para os problemas sociais exige uma adequada formação dos agentes sóciocaritativos. A criação de grupos paroquiais de acção social deverá ser uma prioridade. Se cada unidade pastoral tiver o seu grupo organizado, a dimensão social passará a ser uma exigência da vida da própria comunidade.
9 – Os adultos de amanhã, especialmente as crianças em risco, merecem particular cuidado. Tendo como base o documento da Conferência Episcopal Portuguesa – «Toda a Prioridade às Crianças» -, a Cáritas Portuguesa propõe que seja instituída em cada Cáritas Diocesana uma assessoria específica e cada grupo paroquial desempenhe uma acção preventiva neste domínio.
10 – Relativamente ao Núcleo do Observatório Social (NOS), o Conselho foi informado de que até ao momento – segundo os dados fornecidos por algumas Cáritas – foram atendidas cerca de cinco mil famílias. Em relação à campanha «10 milhões de Estrelas – Um gesto pela Paz» o coordenador da iniciativa explicou a dinâmica do projecto que pretende ajudar as vítimas da crise em Portugal através do «Fundo de Apoio aos Novos Desempregados».
11 – «Erradicar a pobreza, radicar a justiça» será o lema da próxima Semana Nacional da Cáritas. O Dia Cáritas ocorrerá na Diocese de Santarém. O Conselho Geral da Cáritas de Março de 2011, terá lugar na cidade de Braga.
12 – As iniciativas de sucesso das Cáritas diocesanas devem ser partilhadas. No entanto, é fundamental estar atento às forças de bloqueio, só assim se conseguem ultrapassar os obstáculos. A persistência e a operacionalização são dois conceitos que fazem parte do ministério da caridade. As orientações escritas existem, agora é fundamental colocá-las em prática.
13 – O Conselho ficou a par dos vários projectos onde a Cáritas está envolvida. Em relação ao «Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social», a Cáritas pretende participar activamente nesta temática através da disseminação dos documentos sobre a pobreza e elaborar também materiais de apoio. Em 2010, a Cáritas Portuguesa irá candidatar-se aos 0,5% do IRS.
14 – A Acta do Conselho anterior foi aprovada por unanimidade tal como o Orçamento rectificativo de 2009 e o Orçamento para 2010.
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