No rescaldo do Dia Internacional do Trabalhador
Celebrámos o dia 1 de maio, “Dia Internacional do Trabalhador” para assinalar as conquistas no campo dos seus direitos laborais e a defesa de uma sociedade mais justa e solidária.
Este ano de 2021, como aconteceu no ano de 2020, a pandemia acelerou a debilidade do direito ao trabalho e empobreceu, precarizou ou descartou milhões de trabalhadores em todo o mundo, sobretudo as mulheres e os mais jovens. Muitos que dedicaram vários anos ao estudo e à especialização no âmbito profissional, sentem agora a frustração no acesso a um posto de trabalho, que se tornou quase um luxo consegui-lo.
A Cáritas Diocesana de Portalegre – Castelo, através do seu Gabinete de Apoio ao Emprego, solidariza-se com todos os trabalhadores e com os candidatos ao primeiro emprego, acompanha as suas preocupações e disponibiliza-se para ajudar a reconstrução das suas vidas.
Neste tempo de angústia queremos ajudar a recuperar a esperança e, desde logo, pensamos que é necessário mudar o paradigma em que assentam as relações de trabalho através de alguns pontos que enumeramos e que compartimos da Diocese de Cória-Cáceres que constituiu, com a Cáritas, a Irmandade Obrera de Ação Cristã, e a Pastoral Obrera, a Plataforma #Igrejapelotrabalhodecente:
- Pensar o trabalho como atividade humana, utilizando novos métodos e novas políticas, como a redução da jornada de trabalho, a redefinição das políticas sociais de apoio a quem trabalha, a quem procura emprego ou que caiu no desemprego, de modo a assegurar a que cada trabalhador, possa aportar as suas competências e o seu esforço na construção do Bem Comum;
- Potenciar o trabalho seguro, com direitos e, como refere a Exortação Apostólica do Papa Francisco, “Evangelii Gaudium”, no nº 192, assegurar um trabalho “livre, criativo, participativo e solidário”, em qualquer relação laboral e para todas as pessoas, sem distinção de idade, sexo ou procedência;
- Garantir o acesso a medidas de proteção social àquelas pessoas que não podem trabalhar ou que as suas condições laborais não permitem chegar “ao fim do mês”;
- Garantir o reconhecimento social e laboral dos empregos essenciais para a vida, em condições laborais dignas;
- Promover um diálogo com toda a comunidade política, com a sociedade e as Instituições, para configurar um novo contrato social baseado na centralidade da pessoa, no trabalho decente e com o cuidado pelo planeta;
- Impulsionar a incorporação da juventude ao mercado de trabalho, numa sociedade afetada por uma crise sanitária, social e económica, criando oportunidades reais de acesso a trabalho digno.
A Cáritas Diocesana, em comunhão com o Papa Francisco, implora a São José Operário, para que encontremos caminhos que nos levem a dizer, agora mais do que nunca: “Nenhum Jovem, nenhuma pessoa, nenhuma família fique sem trabalho decente!”
É através deste homem Justo, São José, que Deus nos cativa a buscar a santificação das nossas atividades laborais. Ensina-nos a dedicar cada dia de trabalho, as nossas forças, o fruto da nossa dedicação para alcançarmos a nossa santificação. E, São José, sendo patrono dos trabalhadores, a Igreja volta-se para a proteção daqueles que são tratados com injustiça e têm os seus direitos violados perante o trabalho “a Igreja defende os trabalhadores de forma veemente através dos seus ensinamentos, assegura que o trabalho é fundamento sobre o qual é edificada a vida familiar, que constitui um direito do homem e da mulher através da sua vocação. Neste sentido, o Estado, as empresas e sindicatos têm o dever de lutar por políticas públicas que assegurem tudo o que é de direito dos operários e famílias com vista a obter uma vida digna”, como refere o Pe. Redentorista, Valdivino Guimarães.
Portalegre, 02 de maio de 2021
Elicídio Bilé
(Presidente da Direção)