Mensagem Quaresmal
CRISTO TRESPASSADO DE HUMANIDADE
Quaresma na Diocese de Portalegre-Castelo Branco
O amor de Cristo nunca fica indiferente a tudo quanto seja desumano ou que desumanize. E nada do que é desumano fica indiferente ao amor de Cristo. É por isso que, todos os anos, a Quaresma nos faz olhar para Cristo como Aquele que foi trespassado com os golpes da nossa humanidade. E é por isso também que a Quaresma nos coloca todos os anos a percorrer os caminhos de Cristo, da paixão até à Ressurreição, para nos deixarmos trespassar da sua vida e do seu amor. Como seria diferente a nossa vida se, ao olhar para Aquele que trespassámos, nos deixássemos também trespassar do seu amor.
O amor de Cristo nunca fica indiferente a tudo quanto seja desumano ou que desumanize. E nada do que é desumano fica indiferente ao amor de Cristo. É por isso que, todos os anos, a Quaresma nos faz olhar para Cristo como Aquele que foi trespassado com os golpes da nossa humanidade. E é por isso também que a Quaresma nos coloca todos os anos a percorrer os caminhos de Cristo, da paixão até à Ressurreição, para nos deixarmos trespassar da sua vida e do seu amor. Como seria diferente a nossa vida se, ao olhar para Aquele que trespassámos, nos deixássemos também trespassar do seu amor.
Quarenta dias passam num instante e, por isso, mais do que idealizar feitos improváveis, a Quaresma convida-nos a olhar para cada minuto do dia-a-dia como tempo favorável, o momento oportuno. Jejum, partilha e oração, atitudes eclesiais a que cada Quaresma sempre convida, não são os “mínimos legais” do acesso a Cristo. São sim os sinais da nossa caminhada.
O jejum vai do simples renunciar a isto ou àquilo até ao abster-se de alimentos e ao privar-se dos sentimentos menos bons, das palavras ambíguas, da atitude superficial e chocalheira da vida. A partilha vai do mero “dar alguma coisa nossa” até à capacidade de se “dar a si próprio”, acompanhando quem sofre física ou moralmente, deixando-se incomodar com o sofrimento dos outros ou a injustiça a que são submetidos. A oração vai do natural “aumento dos momentos de oração e de piedade” até à radical confiança em Deus sem desesperar dos seus aparentes silêncios quando por nós invocado. Importa rezar como se tudo dependesse de nós, sabendo que, verdadeiramente, tudo depende de Deus em quem confiamos plenamente. E como afirma o Papa Francisco na sua Mensagem para a Quaresma, “na base de tudo isto, porém, está a Palavra de Deus, que somos convidados a ouvir e meditar com maior assiduidade neste tempo”.
O jejum vai do simples renunciar a isto ou àquilo até ao abster-se de alimentos e ao privar-se dos sentimentos menos bons, das palavras ambíguas, da atitude superficial e chocalheira da vida. A partilha vai do mero “dar alguma coisa nossa” até à capacidade de se “dar a si próprio”, acompanhando quem sofre física ou moralmente, deixando-se incomodar com o sofrimento dos outros ou a injustiça a que são submetidos. A oração vai do natural “aumento dos momentos de oração e de piedade” até à radical confiança em Deus sem desesperar dos seus aparentes silêncios quando por nós invocado. Importa rezar como se tudo dependesse de nós, sabendo que, verdadeiramente, tudo depende de Deus em quem confiamos plenamente. E como afirma o Papa Francisco na sua Mensagem para a Quaresma, “na base de tudo isto, porém, está a Palavra de Deus, que somos convidados a ouvir e meditar com maior assiduidade neste tempo”.
A Quaresma é assim um tempo de paixão e de compaixão. Um tempo de Cristo e nosso. Um tempo tal como foi o caminho de Cristo pela Cruz até à Ressurreição. Sim, um tempo de paixão e de compaixão alicerçado na Palavra de Deus, nos sacramentos, no próximo. De paixão porque a conversão dói mas tem o suporte da nossa união à vida de Cristo. De paixão porque faz sofrer mas também porque é amor. De paixão porque a conversão, às vezes, parece difícil e convidativa ao adiamento, mas, ao mesmo tempo, porque tem a urgência a que o amor sempre conduz. De paixão porque, pela conversão, pede empenho e compromisso, um verdadeiro amor que serve e liberta.
A Quaresma é assim um tempo de paixão e de compaixão. Um tempo de Cristo e nosso. Um tempo tal como foi o caminho de Cristo pela Cruz até à Ressurreição. Sim, um tempo de paixão e de compaixão alicerçado na Palavra de Deus, nos sacramentos, no próximo. De paixão porque a conversão dói mas tem o suporte da nossa união à vida de Cristo. De paixão porque faz sofrer mas também porque é amor. De paixão porque a conversão, às vezes, parece difícil e convidativa ao adiamento, mas, ao mesmo tempo, porque tem a urgência a que o amor sempre conduz. De paixão porque, pela conversão, pede empenho e compromisso, um verdadeiro amor que serve e liberta.
Mas a Quaresma é também um tempo de compaixão porque os sentimentos que o caminho de Cristo evoca em nós são também caminhos comunitários, nunca estamos sós. A compaixão é a última réstia do brilho da nossa humanidade: iluminamos por fora, assumindo a dor de nos queimarmos por dentro.
Mas a Quaresma é também um tempo de compaixão porque os sentimentos que o caminho de Cristo evoca em nós são também caminhos comunitários, nunca estamos sós. A compaixão é a última réstia do brilho da nossa humanidade: iluminamos por fora, assumindo a dor de nos queimarmos por dentro.
Quando há paixão e compaixão, não é apenas a nossa humanidade, no seu melhor ou no seu pior, a trespassar Cristo. Quando há paixão e compaixão, é o amor de Cristo que trespassa a nossa humanidade. E se me sinto incapaz de uma fé suficientemente forte, de uma verdade suficientemente libertadora, de uma oração suficientemente confiante, todas essas impossibilidades me fazem descobrir as infinitas possibilidades de Deus em mim. É Quaresma e será Páscoa. E nós somos puxados pela Páscoa. É a Páscoa que define a nossa vocação de Cristãos. É a Páscoa que deve sustentar e animar, com a iluminação do Espírito, a nossa vida, a vida das nossas famílias e das nossas comunidades cristãs nesta exigência de uma caminhada quaresmal que a todos faça renovar o dom que está em cada um, em cada família, em cada comunidade cristã.
Quando há paixão e compaixão, não é apenas a nossa humanidade, no seu melhor ou no seu pior, a trespassar Cristo. Quando há paixão e compaixão, é o amor de Cristo que trespassa a nossa humanidade. E se me sinto incapaz de uma fé suficientemente forte, de uma verdade suficientemente libertadora, de uma oração suficientemente confiante, todas essas impossibilidades me fazem descobrir as infinitas possibilidades de Deus em mim. É Quaresma e será Páscoa. E nós somos puxados pela Páscoa. É a Páscoa que define a nossa vocação de Cristãos. É a Páscoa que deve sustentar e animar, com a iluminação do Espírito, a nossa vida, a vida das nossas famílias e das nossas comunidades cristãs nesta exigência de uma caminhada quaresmal que a todos faça renovar o dom que está em cada um, em cada família, em cada comunidade cristã.
Todos os anos, neste exercício de nos voltarmos para além de nós e das nossas fronteiras, fazemos renúncia quaresmal. Este ano, a nossa renúncia será dividida em partes iguais: metade destinar-se-á, atendendo ao pedido do Papa Francisco, ao Sudão do Sul, país devastado por um conflito fratricida e uma grave crise alimentar onde milhares de pessoas morrem de forme, mais de um milhão estão em risco e um milhão e meio são refugiados; a outra metade, a critério da Cáritas Diocesana, será para apoiar os refugidos na nossa Diocese, para que se sintam amados e recuperem a esperança de melhores dias.
Todos os anos, neste exercício de nos voltarmos para além de nós e das nossas fronteiras, fazemos renúncia quaresmal. Este ano, a nossa renúncia será dividida em partes iguais: metade destinar-se-á, atendendo ao pedido do Papa Francisco, ao Sudão do Sul, país devastado por um conflito fratricida e uma grave crise alimentar onde milhares de pessoas morrem de forme, mais de um milhão estão em risco e um milhão e meio são refugiados; a outra metade, a critério da Cáritas Diocesana, será para apoiar os refugidos na nossa Diocese, para que se sintam amados e recuperem a esperança de melhores dias.
Como sabemos, no caminho para a Cruz, Cristo entregou-Se por amor. Quando o amor move as nossas motivações, somos verdadeiramente imparáveis. Abrir o coração ao dom de Deus que fala faz abrir o coração ao dom que é o outro, faz crescer na verdadeira cultura do encontro.
Como sabemos, no caminho para a Cruz, Cristo entregou-Se por amor. Quando o amor move as nossas motivações, somos verdadeiramente imparáveis. Abrir o coração ao dom de Deus que fala faz abrir o coração ao dom que é o outro, faz crescer na verdadeira cultura do encontro.
Santa e abençoada Quaresma.
Santa e abençoada Quaresma.
Antonino Dias
Antonino Dias
24-02-2017
24-02-2017