8ª Assembleia Diocesana da Pastoral Social e Mobilidade Humana
O Cine-teatro Municipal de Alter do Chão recebeu, no dia 11 de março, cerca de duas centenas de pessoas, oitenta das quais vindas das zonas pastorais de Oleiros e Sobreira. Sacerdotes, membros de algumas Misericórdias e representantes dos vários movimentos pastorais da diocese de Portalegre e Castelo Branco deslocaram-se, a esta vila alentejana, para participar na 8ª Assembleia Diocesana da Pastoral Social e Mobilidade Humana organizada pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Social e Mobilidade Humana e que teve como tema principal “ Igreja, Casa de Todos”.
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A Assembleia iniciou-se com a oração, presidida pelo Sr. Bispo, D. Antonino Dias. A partir da Leitura breve (Ap3,19-20) salientou a frase “Eu estou à porta e chamo” refletindo, porém, pode acontecer que não escutemos a Sua voz. Quem bate à porta é aquele que tem fome, que tem necessidade, é o vizinho, assim o Sr. Bispo exorta-nos a que, neste dia de reflexão sobre a nossa atenção aos outros, não deixemos ficar sentado à porta e, se ouvirmos bater, não fechemos o nosso coração.
Após o momento de oração, o Diretor do Secretariado Diocesano da Pastoral Social e Mobilidade Humana, Dr. Elicídio Bilé, saudou os presentes, Sr. Bispo, Vice-presidente da Câmara Municipal de Alter do Chão, Pe. Rui Rodrigues, entidades que aceitaram o convite, órgãos de comunicação social, fazendo depois o enquadramento da iniciativa que se realiza, todos os anos, no segundo sábado da Quaresma mas num arciprestado diferente para dar dimensão diocesana e arciprestal a esta ação e visibilidade a este serviço da igreja em favor dos mais carenciados. Este ano, acolhidos no arciprestado de Ponte de Sor, agradeceu à Câmara Municipal a cedência do espaço, ao Arcipreste Pe. Rui Rodrigues, a colaboração na preparação da assembleia.
O tema, “Igreja, Casa de Todos” tem presente o tema geral proposto pela diocese “ A fé da sentido(s) à nossa vida” e procura dar resposta à realidade da nossa diocese. Chegam, às nossas comunidades, pessoas das mais variadas regiões e por diversos motivos: “Migrantes económicos; migrantes refugiados; para estudar ou para trabalhar.” Como Igreja, é importante que saibamos acolher bem a todos porém, nem sempre isso acontece.
De seguida, tomou a palavra, o Sr. Vice-Presidente da Câmara Municipal de Alter do Chão fazendo votos que os trabalhos decorram com êxito, e aludindo à pertinência e atualidade do tema disse que, o município, tem desenvolvido politicas de acolhimento disponibilizando habitação social, ajuda na procura de emprego, integração das crianças na escolas referindo de forma particular, o encontro anual da comunidade romena existente no nosso país.
O Sr. Bispo exprimiu também a sua gratidão à Câmara Municipal, manifestou a sua alegria pela participação de todos, nesta iniciativa, apesar de reconhecer as dificuldades de mobilidade na nossa diocese. Terminou a sua intervenção com um excerto de um texto da Dr.ª Rufina Garcia, publicado na revista Cáritas, no qual a tónica é colocada na atenção que devemos dar ao “outro”, ao qual não podemos tentar impor modelos formatados, ideias ao nosso jeito, o trabalho carece de cuidado e atenção especiais, respeitando as diferenças. É fundamental aprender a escutar, cuidar, olhar com os olhos do coração descobrindo Jesus Cristo no rosto de cada um, considerando a nossa diocese como “porta da misericórdia numa Igreja em saída e sem medo” ao encontro dos outros. O Sr. Bispo concluiu, «vamos aproveitar este dia para espevitar a chama da fé, da solidariedade, de ver o “outro” um dom para nós».
Após a sessão de abertura, assistimos à brilhante comunicação da Dr.ª Eugénia Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações e do Secretariado Nacional da Mobilidade Humana, que se debruçou sobre o tema “‘Uma pastoral de serviço às pessoas em mobilidade’”. Iniciou a sua dissertação partindo do tema da assembleia, considerando que, ser mais e melhor Igreja é um projeto que nos compromete a todos. Umas vezes somos convidados a acolher outras vezes a ser acolhidos, estar em contexto de mobilidade é experienciar a graça do acolhimento. A visualização do vídeo, “7 milhões de outros”, permite responder à pergunta lançada pela preletora, o que nos humaniza? O que é que nos une? O sorriso e o acolhimento é qualquer coisa que nos une e, em qualquer parte do mundo, precisamos de nos sentir acolhidos, amados e, ao longo da nossa vida, passamos por várias experiencias de acolhimento começando pelo nascimento. Considerou que, o acolhimento, é determinante para a nossa felicidade é também uma questão de fé. O símbolo máximo do acolhimento, hospitalidade é representado por Abraão, o abrir-se aos outros mesmo quando são desconhecidos. Algumas questões nos interpelam, E nós, será que somos capazes de reconhecer Jesus que habita no migrante, no refugiado? Quem é este Deus, o que quer de nós? O “outro” seja ele quem for não é um desconhecido, é um Deus peregrino. Não é em vão que temos migrantes e refugiados, cada um de nós é chamado à construção de um reino de perdão amor e paz e os refugiados, com a sua vida, denunciam as injustiças, falta de paz que tem de ser combatidas; dão força á igreja para levantar a sua voz, para que todos possam ter dignidade, pão, trabalho, identidade e liberdade para viver a sua fé.
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Não é possível acolher Deus sem acolher a pessoa humana. Algumas perguntas para refletir, entre as quais, que espaço é que as nossas comunidades dão aos que vem de fora? Às vezes tem vontade de participar e esperam que haja abertura, então o desafio que nos é feito é acolher, “acolher é uma forma de amar”, concluiu a Dr.ª Eugénia.
A parte da tarde contou com a presença da equipa nacional do projeto “+Próximo” da Cáritas Portuguesa, Ir. Maria Teresa, Dr. Paulo Neves e Dr. Pedro Salgueiro. Foram apresentados os fundamentos Biblico-teológicos do projeto. Como cristãos, somos desafiados a ver com o coração, com sensibilidade, com sentido, com forma comprometida, ver criticamente, ver com esperança, imitando a vivência das primeiras comunidades cristãs, “vede como eles se amam”. Não se pode separar a fé da caridade. Como cristãos, a nossa identidade implica ação, ser + próxima, no entanto, fica a questão, até que ponto somos verdadeiras paróquias?
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Este programa que, está ao serviço da Igreja, pretende sensibilizar e envolver as comunidades cristãs para a necessidade de organizar a pastoral social, promover a formação através dos conteúdos formativos, apoiando a criação e a animação de grupos paroquiais de proximidade.
A equipa deu conhecimento da forma como cada diocese tem implementado o programa de forma a ter uma pastoral social organizada capaz de acolher os que vem de fora. Foram, depois, apresentados dois testemunhos de como este programa está a ser concretizado nas paróquias, nos grupos de ação paroquiais.
O Sr. Bispo encerrou a Assembleia. Partindo das conclusões do Sínodo Diocesano, onde as linhas de ação, formar, renovar, inovar, comprometer e comprometer-se foram palavras-chave, considerou que é necessário implementá-las. “Estamos a formar, mas apesar de todos quererem a formação rejeita-se a formação” referiu o prelado, reconhecendo, no entanto que, em alguns arciprestados, há uma grande aposta neste âmbito, as pessoas que começam a participar gostam de participar por isso, considera que é necessário sensibilização, motivação e trabalho em rede. Terminou com palavras de estímulo e gratidão para com o Secretariado Diocesano, da Pastoral Social e da Mobilidade Humana, preletores convidados, e todos os presentes mostrando o seu apreço pelo trabalho que aqui foi desenvolvido, Lamentou que mais pessoas e instituições de ação social não participem mais ativamente, pois, todos poderiam ficar enriquecidos. Apelou ainda à vivência da semana Cáritas e tudo o que o Secretariado da Cáritas preparou, nomeadamente o peditório de rua.
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O Pe. Rui Rodrigues fez os agradecimentos finais ao diretor do Secretariado por se ter lembrado de Alter do Chão, arciprestado de Ponte Sor; à Câmara Municipal, um parceiro fundamental considerando que, sem essa parceria, o encontro não teria sido possível. Terminou com uma oração composta pelo Sr. Bispo e, que nos congrega em tudo o que é a vida numa paróquia desejando que todos a possam rezar neste ano em que olhamos para a fé e os sentidos, como eles possam estar também a ajudar-nos a crescer.
R. B.