3ª Assembleia Diocesana da Pastoral Social, em Ponte de Sor
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Elicídio Bilé inicou a Assembleia com uma nota de abertura:
“Como é do conhecimento de todos, todos os anos, no segundo sábado da Quaresma, o Secretariado Diocesano da Pastoral Social e a Cáritas Diocesana, realizam a Assembleia Diocesana da Pastoral Social, sempre num arciprestado diferente. (…)
Sabemos que esta Assembleia ocorre num período de grande fragilidade social, agravada com as recentes medidas de austeridade que afectam, de uma forma mais gravosa, os mais pobres, os desempregados, os reformados e pensionistas e as famílias mais debilitadas e de menores rendimentos.
Sabemos, também que a nossa Diocese se situa numa região pobre e envelhecida.
Os jovens partem à procura de oportunidades de trabalho para outras regiões, no País e no estrangeiro e ficam os mais velhos. A taxa de natalidade é das mais baixas do País. Esta desertificação humana contribui para o empobrecimento da Região, e cria angústia, sofrimento e solidão.
Sendo uma área que abrange um vasto território, (…), a população residente total, é de pouco mais de 222.000 habitantes.
Só, entre os censos de 2001-2011, na área correspondente à Diocese, a população diminuiu em mais de 14.000 habitantes.
Também a actividade económica decresceu consideravelmente, em todos os sectores de actividade.
Neste contexto, nós Cristãos, temos uma responsabilidade particular:
– Porque somos membros de uma Igreja;
– Porque actuamos em nome desta Igreja de Jesus Cristo;
– Porque baseamos a nossa acção nos Princípios e Orientações da sua Doutrina Social, e na Palavra;
– Porque agimos para além da filantropia e da solidariedade.
Por tudo isto, importa encontrar as respostas mais adequadas, com zelo e organização, que ajudem a minorar os problemas das pessoas e das comunidades.
O Santo Padre, na encíclica “Deus é Amor” afirma que a Caridade, “o Amor também precisa de organização, enquanto pressuposto para um serviço comunitário ordenado”.
Torna-se, pois, um imperativo, organizarmo-nos. (…)
Assim, esta Assembleia é:
1. Uma oportunidade para reflectirmos sobre a nossa realidade diocesana, no que concerne à Pastoral Social, à sua organização e acção, com base nos princípios da Doutrina Social da Igreja; 2. Uma oportunidade para gerarmos comunhão eclesial com as outras áreas da Pastoral e com todos os serviços, obras e movimentos;
3. Um contributo para a prossecução dos trabalhos do Sínodo Diocesano, cuja caminhada se iniciou com o anúncio oficial feito pelo Sr. Bispo, no passado dia 5 de Outubro;
4. Neste contexto sinodal, é, ainda, uma oportunidade para olharmos para aquilo que somos e para onde devemos ir, procurando os melhores caminhos, para tornarmos presente Jesus Cristo e o Reino no meio dos Homens que vivem esta crise social profunda (…)”
No final da Assembleia, as conclusões:
“Estiveram presentes mais de 200 participantes, que refletiram várias temáticas apresentadas em três conferências.
Na primeira, “Princípios da Doutrina Social da Igreja”, o Professor Doutor Alfredo Bruto da Costa, Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, confrontou a Assembleia com a realidade do Homem ser eminentemente social e responsável pelo bem de todos os outros homens. Com base na Doutrina Social da Igreja, valorizou a relação do Homem com o trabalho, e a interligação do Homem com os bens da terra, sendo esta obrigatória, pois todos somos iguais aos bens da terra enquanto dádiva do Criador.
A doutrina Social da Igreja é parte integrante da mensagem cristã e não pode ser vista como um anexo ou como um apêndice. Por isso, os cristãos têm de ser competentes em matéria de fé e na dimensão humana. Assim, o homem cristão tem de evitar dois extremos para ser profeta: não pode fechar-se na sacristia nem ignorar a ciência.
Por outro lado, há princípios hierárquicos que não podem ser esquecidos, tais como: o homem é um ser relacional com uma forte dimensão social desde a família à sociedade passando pela comunidade e o princípio da subsidiariedade.
A Paróquia deveria ser a expressão comunitária dos cristãos.
A Senhora Engenheira Margarida Alvim, colaboradora da FEC – Fundação Fé e Cooperação, abordou o tema “Caridade, Evangelização e Desenvolvimento”. Salientado que a sociedade é chamada a corrigir as desigualdades e a contribuir para o desenvolvimento humano. Na sociedade de hoje existem muitas perguntas sem resposta que nos deixam angustiados. Valorizou o sentido da Esperança e de ver Deus presente em todas as coisas, deixando-se, simultaneamente, tocar por Deus. Testemunhar a Fé nas obras, ser Sal e Fermento no mundo em que vivemos, e fazer a Esperança a força que mobiliza.
Na terceira conferência “Organização e Coordenação da Acão Social dos Cristãos”, o Senhor Padre Doutor José Manuel Pereira de Almeida, Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral Social, falando da vida da Igreja, realçou as suas três dimensões: Profética, Litúrgica e Social, alertando para o facto da dimensão social da Igreja ser a menos valorizada. Por isso, realçou a necessidade de estruturas organizadas que não aprisionem o Espírito gerando uma assistência sem cair no assistencialismo e uma maior intervenção em ordem ao bem comum, participando nos processos de desenvolvimento.
Eis um dos grandes desafios: passar de vizinhos a próximos (irmãos), passar de medidas a avulso a um mínimo de organização, dar atenção às diversas zonas da Paróquia sem deixar lugares esquecidos, fazendo da comunidade, o lugar, por excelência, onde o amor é concreto porque no final da vida seremos julgados pelo amor (cf. Mt. 25, 31-46 – “ Vinde, benditos de meu Pai”).